outubro 20, 2009

Soneto de Não Amor

Em maldita vil hora te larguei
Para chocar o mundo em que me estavas
Se quando não mais te vi te chorei
Foi por saber que ao partir ficavas.

Por não chegar o amor que não tinhas
Por julgares que a mim se mo esbanjava
Faltou-te a lucidez de quem não ama
Sobrou-te o ego de quem ouro caga

Se engano algum dia considerasses
Nesse teu julgamento celeste
Se em algum dos dias me perguntasses
Que raio queria eu que me desses

Responderia eu que não demais,
morreríamos nós um dia destes.

outubro 14, 2009

Espero que ardas no fogo dos infernos todos os dias

Espero que ardas no fogo dos infernos todos os dias
Porque todos os dias te apagas
porque todos os dias se me arrefece
o calor que me escavas na cama.

Espero que me ardas no fogo dos infernos todos os dias
Porque todos os dias se te esquece
que um só dia em pouco aquece
Quem todos os dias te chama.

E se todos os dias a chama
pouco se vir com que arder
e muito lhe sobrar por esperar
de pouco ou nada valerá soprar
quando um dia noutro vento se perder.

Mas espero que ardas no fogo dos infernos todos os dias
Todos aqueles em que me consomes
o pavio da paciência,
me derretes a tolerância
nesse cúmulo gasto da inconstância
de quem não faz ideia onde arder,
de quem lavra onde ninguém o quer.
De quem só fica para não perder.