junho 24, 2007

Desculpa se não subi à Lua contigo.
Desculpa se morri sem fôlego,
desculpa se parei de medo.

Desculpa se te obriguei a este meu enredo,
que sou tão eu que até me enleio.
Desculpa se no entremeio
te levei comigo para a perdição.

E não consigas agora livrar-te dela.
Desculpa se te abri uma janela
e fechei as portas todas.
Desculpa se te puxei para esta negritude,
desculpa se te prometi a infinitude
e só encontraste uma parede.

Desculpa se te dei as chaves todas
e troquei as fechaduras,
enquanto tu cavas em sepulturas
todo o resto das nossas sanidades.

Mas do fundamental das identidades,
tu me esperas e adivinhas.
Tu abres-me e espezinhas
os lobos que me separam de ti.
Partes, puxas, arrancas, desfias.
Despes-me de mim e enfim do mundo.

E ao veres-me nua, encolhida,
mergulhas ao recanto mais fundo
e trazes-me ao colo, derretida.
Desconjuntada, resgatada.
Juntaste os cacos e
maravilha!
em Abraço,
em Colo que me sabe a Tudo,
em Cheiro que me afunda em ti,
impõe-se o meu renascimento ao Nada.

Todo o meu corpo luta
contra a tua invasão em agonia.
Mas tu, em harmonia
das certezas de me quereres,
Nada poupas, Tudo abarcas,
Nada vendes, Tudo abraças.

E eu vou penetrando no vício dos cigarros.
No ciúme lento de não te ter,
na urgência em não te perder.
Em te devolver a agonia
Em não nos negar esse prazer.

Ou te deixar afundar
sozinho na perdição.
Em que não mais me desculpes.

1 silêncios:

Blogger Miranda Hobbes fechou os olhos e disse:

Epah, sem mais, adorei mesmo isto.

3.7.07  

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